Estavas em Lisboa

Dois dias depois de ter estado á tua espera perto de duas horas.
Ligaste-me, e não atendi.
Estava no banho.
Não ligaste novamente e eu tentei, mas não atendeste.
Com a sorte que tenho é bem provável que tenhas ido tomar banho.
Estou ligeiramente farto destas confusões
(...)
No mesmo dia mas algumas horas depois, penso que talvez há hora do jantar. Porque eu estava a preparar-me para ir jantar. Ligas-te...
Eu estava com pressa, atendi, mas para ser sincero não te prestei muita atenção, estava com pressa para um encontro importante. Coisas de trabalho.
Não me lembro se te liguei mais tarde mas tenho uma vaga ideia de te ter dito o que tinha para te dizer.
É provável que te volte a ligar pela mesma razão.
(...)
Não te liguei. Encontrei-me contigo no fim semana seguinte na Praça do Comércio. Curiosamente ias pr’ó mesmo sítio que eu.
Acho que nunca tinha subido a Rua Augusta tão devagar.
Mais incrível é ter-te deixado nos Armazéns do Chiado e não fui capaz de tocar no assunto que nos prendeu ao telefone da primeira vez que me ligaste.
Talvez já te tenha dito tudo e nem vale a pena lembrar.
De qualquer maneira eu não me lembro onde ficou a nossa conversa, e o nosso contexto no caminho não inspirou a conversa nesse sentido.
Provavelmente não volto a tocar no assunto.
(...)
É Sábado. São onze da noite e invulgarmente já voltei a casa. Dei uma volta pelos meus discos e voltei a sair.
Não é que o tenha feito por uma ou duas razões em especial mas não me apetecia estar em casa.
E curiosamente, agora, já não me apetece estar na rua.
O que provavelmente explica e mostra a confusão que vai na minha cabeça. E me põe a pensar aínda mais no que tudo isto possa significar.
(...)

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