o encanto de um personagem...

Ana (num dia terrível)...

Muitos homens acham que conhecem bem o contexto em que as mulheres gostam de ouvir as verdades. Provavelmente é verdade. E se realmente é verdade, eu tenho muito azar. Ou então tenho uma verdade diferente!

...Diferente ou não, ensinaram-me a parar quando alguém atravessa este sim e não de preto e branco na estrada. Mesmo que seja um homem

(19.26h) – pode ver-se no relógio do carro

Embora nem sequer se conheçam, Ana foi obrigada a parar o carro, mesmo com pressa, para o Alexandre passar.

Olham-se, mas nem deram conta do olhar, das feições, do corpo, de nada um do outro.

É normal. Não se conhecem ainda.

As vezes sinto que não vale a pena pensar em nada. Há dias em que sair da cama é um dia a menos de vida. Mas como já é dificil viver, acho que não vale a pena perder tempo com incertezas...

“O semaforo ficou verde... quebrou-lhe o raciocinio. Mecanisou Ana novamente para a sua rotina.”

Tenho saudades de coisas que me lembro. De quando era miuda. Quando era amiga só de alguns animais e de muito menos pessoas do que sou agora.

Tenho saudades do sitio onde nasci...

“Este pensamento foi imediatamente substituido por um simples lugar onde estacionar o carro em Lisboa.”

Ana chegou de elevador ao 6º A como já lhe é costume á três anos. Ouve o telefone a tocar, e a parar de tocar sem sequer apressar o habito de levar a chave á fechadura. Sem pressa.

Vou ver um filme até as dez. (se acabar depois que se lixe, acaba-se mais cedo...).

Melhor! Vou enfiar-me num banho bem quente.

Uma hora na banheira, dez minutos para me secar e enfio-me na cama.

Nem deixo um filme a meio nem perco horas de sono.


“Ana nunca liga ao atendedor de chamadas. O chegar a casa é como fechar as portas ao mundo, e a toda a gente nele. É a sua fraqueza inconsciente. O seu pequeno mundo. O seu encanto.”

Comments

Anonymous said…
Há 3 anos e não à 3 anos